21 novembro 2007

Shirin Neshat - sedução, violência e poesia

Últimos dias para visitar a magnífica exposição Zarin, de Shirin Neshat, patente na Galeria Filomena Soares, até 23 de Novembro, composta ainda pela projecção de um filme da artista iraniana.


«Depois da sua primeira exibição na Galeria Filomena Soares em 2003, integrada no ciclo de exposições “Universal Strangers” comissariada por Rosa Martinez, apresentamos o último trabalho realizado pela artista, com o título “Zarin”. A exposição será composta pela projecção do seu mais recente filme “Zarin” e um grupo de fotografias do mesmo projecto.
O trabalho de Shirin Neshat refere-se aos códigos sociais, culturais e religiosos do Islão e da complexidade de certas oposições, tais como o homem e a mulher. Neshat procura
muitas vezes resolver tecnicamente este confronto social com a projecção dos filmes dispostos de forma concorrente, criando desta forma contrastes visuais baseando-se em valores tais como Claro/Escuro, Preto/Branco, Macho/Fêmea.

Na continuação do uso da cultura do Irão – seu país de origem - como inspiração, os seus mais recentes filmes pretendem reconstruir uma aproximação mais universal a noções de identidade, sociedade, refúgio e utopia. Afastando-se dos grupos visuais de mulheres cobertas com burkas e homens de camisa branca, os seus novos filmes desistem de representações de análise gramatical para favorecer uma narrativa tradicional mais forte e caracterizações de maior distinção, utilizando a narrativa ficcional como ponto de partida. Trabalhando sobre os temas, explorou em vídeo e em fotografia a sua interpretação do realismo mágico das histórias a que juntou o forte carácter visual, com o objectivo de criar filmes que pertencessem quer à categoria de cinema como à de arte. No entanto vivem ainda nos seus trabalhos a interacção visceral e emocional entre o observador e as personagens que a artista descreve, assim como a sua expressão poética, filosófica e metafórica e complexos níveis de abstracção intelectual.

Zarin, 2005, é a história de uma jovem mulher que trabalha como prostituta desde a sua infância. O filme traça a sua lenta desintegração até ao delírio psíquico. Destruída pela culpa das suas acções e pelo forte desejo de salvação, a sua loucura é manifestada pela sua percepção do mundo em seu redor. Narrando a história da destruição com um imaginário quer gráfico como belo, Neshat evoca o tormento de uma mulher tão torturada pelo seu papel na sociedade, acabando por se sentir completamente imobilizada. Com os homens que se cruzam na sua vida a aparecer sem rosto, os sentimentos de horror, vergonha e culpa apoderam-se desta personagem. Julgando ser uma punição de Deus, ela foge do bordel para um balneário público. Numa atitude de desespero, esfrega a sua carne viva e ensanguentada, tentando desta forma compensar o seu passado, contudo, ela é profundamente afundada na loucura, e por fim luta pela sua redenção.»

http://www.gfilomenasoares.com/galeria_pt.htm

Sem comentários: